O senador Magno Malta (PL-ES) negou nesta quarta-feira, em seu discurso em plenário, participação na máfia de ambulâncias, investigada pela CPI Mista dos Sanguessugas. “Eu nunca coloquei emenda, nunca participei de máfia de ambulância, nunca falei com ninguém”, reafirmou ele.

Em outras ocasiões, Malta afirmou que o carro que supostamente recebeu da Planam, empresa acusada de liderar o esquema, havia sido emprestado pelo ex-deputado Lino Rossi (PP-MT). Ele apresentou na tribuna recibo da Transgrancap, no qual comprova ter devolvido o carro ao ex-parlamentar há um ano e três meses.

O liberal disse ainda não compreender a razão de ter sido incluído no relatório parcial da CPI dos Sanguessugas.

O senador afirmou que não se enquadra nos critérios da comissão para incluir parlamentares, como ter recebido dinheiro em conta própria ou de assessores; ter permitido que assessor recebesse vantagens ou utilizar funcionários para receber dinheiro ilícito.

Nota à imprensa (divulgada no dia 10/08/2006)

O senador Magno Malta, diante da colocação de seu nome no relatório parcial divulgado pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga a alocação irregular de emendas ao Orçamento para compra de ambulâncias em licitações superfaturadas, e o encaminhamento do mesmo à Mesa do Senado Federal, tem a esclarecer:

1- A inclusão do nome do senador Magno Malta está em total desacordo com o objeto de investigação da CPMI e não se encaixa aos itens enunciados pelo presidente da mesma, deputado federal Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ) quais seriam: primeiro incluir todos os parlamentares que se utilizaram de prerrogativas do mandato, como apresentação de emendas, para auferir benefício financeiro e outras vantagens indevidas. Segundo, incluir todos que permitiram, por ação ou omissão, que servidores conseguissem benefícios financeiros ou outras vantagens junto ao grupo Planam sobre emendas do parlamentar. O terceiro, deverão ser enquadrados todos os parlamentares que utilizaram servidores ou terceiros para recebimento em suas contas bancárias, ou em espécie, recursos destinados ao parlamentar. O senador Magno Malta não se enquadra em nenhum dos critérios colocados.

2- Também não concorda com a citação de seu nome, diante da inexistência de provas de quaisquer espécies que pudessem aferir comprometimento do senador com negociações ilícitas ou mesmo que pudessem atentar contra a sua conduta ilibada no trato do seu mandato e da coisa pública.

3- Nunca falou, reuniu-se, negociou ou teve contato com o sr Luiz Antônio Trevisan Vedoim, o pai dele ou qualquer pessoa ligada a Planam ou outra empresa que tivesse referência aos fatos investigados.

4- Não tem emendas alocadas para ambulâncias ou equipamentos de saúde em cujo processo licitatório houvesse participação da Planam ou qualquer empresa ligada aos Vedoim, no período aventado na acusação.

5- Nunca recebeu carro do esquema Vedoim, e a própria declaração dos Vedoin, que consta do relatório, evidencia o fato. Utilizou um carro do deputado federal Lino Rossi no período de setembro de 2003 a julho de 2005, data em que o veículo em questão, uma van Fiat/Ducato de cor preta, foi devolvida ao seu dono, deputado federal Lino Rossi, conforme atesta o mesmo em declaração anexa, muito tempo antes de as investigações sobre esse esquema terem sido iniciadas.

6- O documento apresentado a CPMI pelo sr. Vedoim, como “prova” do envolvimento do senador, é um Documento Único de Transferência (DUT) que passa a propriedade de um veículo Fiat/Ducato, placas KAM 4467, de cor branca, da empresa Santa Maria Comércio e Representação Ltda. para o deputado federal Lino Rossi, no ano de 2001 (em anexo).

7- O veículo em questão, a van Fiat/Ducato, de cor preta, ano 2001/2001, de acordo com documento do Departamento de Trânsito do Mato Grosso, Detran-MT, teve como proprietário de origem a Iveco Fiat Brasil Ltda., que o vendeu à empresa Santa Maria Com. E Rep. Ltda., em 14 de dezembro de 2001. Na seqüência, esse mesmo veículo, no dia 27 de dezembro de 2001 para o nome do deputado federal Laudinir Lino Rossi. Uma nova alteração de propriedade se dá em 04 de novembro de 2002, segundo consta, para o nome de José Luiz Cardoso. Em 11 de maio de 2006, uma nova troca, dessa vez, passando a propriedade para Querli Batistello. Em nenhum momento, em todos esses anos, o carro esteve em nome de Magno Malta, destoando totalmente do que diz o sr. Vedoin.

8- O senador não sabia e não tinha como saber se esse veículo, emprestado pelo deputado Lino Rossi, tinha impedimentos ou comprometimentos com factorings ou outra empresa. Tampouco poderia saber de qualquer possível negociação entre o deputado federal Lino Rossi e os Vedoin. Fato é que recebeu um veículo por empréstimo de Lino Rossi, em Vitória, no Espírito Santo, e o devolveu posteriormente a quem de direito, o deputado federal Lino Rossi, em Cuiabá, no Mato Grosso.

9- O deputado Lino Rossi jamais propôs qualquer tipo de negociação escusa ao senador Magno Malta, seja em relação a emendas ou qualquer outra. Também jamais falou em Vedoin, Planam ou qualquer outro fato relacionado a esquemas ilícitos.

10- Não recebeu no gabinete o senhor Darci Vedoin e nem sequer o conhece, além do que já foi mostrado pela imprensa.

11- O período de utilização por empréstimo do veículo Fiat/Ducato corresponde ao tempo em que o deputado Lino Rossi esteve em São Paulo. A devolução do mesmo se deu em virtude do retorno do deputado citado a Cuiabá, e não por qualquer outro motivo.

12- O senador Magno Malta vai entrar com uma interpelação judicial no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, CPMI das “Sanguessugas”, por ter incluído o nome dele no relatório parcial divulgado na data de hoje, 10 de agosto de 2006.

Sendo assim, o senador Magno Malta reitera que nunca participou e nem compactuaria com ações que pudessem lesar o erário público, com negociações escusas e com atos ilícitos. Reafirma que sempre lutou contra o crime organizado, o narcotráfico e a bandidagem, bandeira que empunha com orgulho. Espera que todos os fatos que injustamente lhe são imputados sejam brevemente esclarecidos. Responderá em todas as instâncias necessárias para comprovar a sua inocência e atuará, de forma efetiva, para que todos esses que o acusam respondam judicialmente por calúnia, injúria e difamação.

Acusado pela CPI, pastor Bengston, do PTB, desiste da reeleição

Acusado pela CPI das Sanguessugas de envolvimento na Máfia das Ambulâncias, o deputado federal e pastor evangélico Josué Bengston (PTB-PA) anunciou ontem sua desistência de concorrer à reeleição. “Este será meu último mandato. Saio por questão de foro íntimo. Estou tranqüilo e em paz “, disse Bengston.

A decisão de Bengston surpreendeu os fiéis. Ele se disse decepcionado com os últimos acontecimentos de sua vida como parlamentar. No meio da pregação, falou sobre as provações mencionadas na Bíblia e a capacidade de cada cristão para enfrentá-las. “Não se sintam desqualificados quando passarem por lutas. Enfrentem tudo de cabeça erguida.

Embora negue a pressão que vinha sofrendo para renunciar à candidatura, o deputado admitiu que precisava dar uma satisfação aos evangélicos. “Como deputado, eu poderia tranqüilamente disputar a reeleição, mas como pastor, não me sinto numa posição confortável tendo que responder ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados”, explicou.

Outro deputado paraense – Raimundo Santos (PL) – diz que não pretende renunciar à candidatura, mesmo pressionado por pastores da Assembléia de Deus. “Sou inocente, tudo não passa de armação política e perseguição contra mim”, alega Santos.

Presidente de conselho do Senado desqualifica provas

O presidente do Conselho de Ética do Senado, João Alberto Souza (PMDB-MA), sinalizou ontem que deve arquivar os pedidos de cassação contra os senadores Ney Suassuna (PB), ex-líder de seu partido, e contra os senadores Magno Malta (PL-ES) e Serys Slhessarenko (PT-MT). João Alberto desqualificou os depoimentos que são a base da acusação feita pela CPI dos Sanguessugas.

“Não aceito a palavra do Vedoin como prova. Ele é um bandido”, afirmou João Alberto, referindo-se aos depoimentos de Darci Vedoin e de seu filho Luiz Antonio Vedoin, donos da Planam, empresa que encabeçou a fraude das ambulâncias.

Os depoimentos são o principal pilar do relatório da CPI, que pediu a cassação dos três senadores e de 69 deputados.

João Alberto argumentou também que supostos depósitos feitos pela quadrilha para um assessor de Suassuna não bastam para incriminá-lo.

“Tem que ver se o senador sabia, se participou”, disse ele, acrescentando: “Eu preciso de robustez de provas para abrir os processos”. O senador decide até a próxima quinta-feira se abre ou não os processos. Se ele arquivá-los, qualquer membro do conselho pode recorrer ao plenário da decisão.

Suassuna, Serys e Malta são acusados de receber propina para destinar recursos do Orçamento para a aquisição de ambulâncias superfaturadas.
Suassuna teria recebido R$ 222,5 mil por meio do ex-assessor Marcelo Carvalho. Os dois negam participação na fraude.

Malta usou um carro dado ao deputado Lino Rossi (PP-MT) pelos Vedoin. Além disso, há cópia de um cheque de R$ 50 mil com a anotação “Magno Mata” (sic). O senador nega relação com a quadrilha, dizendo que só usou o veículo devido a sua amizade com Rossi.

Os Vedoin afirmam ter pago ao genro de Serys R$ 35 mil. A senadora nega que seu genro tenha recebido o dinheiro.

Câmara

O presidente do Conselho de Ética da Câmara, Ricardo Izar (PTB-SP), marcou para as 11h de terça a instauração dos processos contra os deputados. Ele disse que cerca de dez acusados devem renunciar ao mandato até lá, seguindo o exemplo de Coriolano Sales (PFL-BA).

A Folha apurou que pelo menos outros três deputados -Reginaldo Germano (PP-BA), Nilton Capixaba (PTB-RO) e Marcelino Fraga (PMDB-ES)- já manifestaram a colegas que têm prontas as suas cartas de renúncia.

Ao renunciarem, os acusados evitam a inelegibilidade que viria em caso de cassação. Para que a investigação seja extinta, a renúncia tem que ocorrer antes da abertura do processo no conselho.

Lino Rossi admite que recebeu bens de Darci Vedoin

Campeão no recebimento de propina em troca de emendas ao Orçamento (cerca de R$ 3 milhões), segundo a CPI dos Sanguessugas, o deputado evangélico Lino Rossi (PP-MT) admitiu que recebeu do empresário Darci Vedoin -dono da Planam e apontado como chefe do esquema – colchões, camisetas, cestas básicas, cadeiras de rodas, eletrodomésticos e até 75 mil salsichas, além de um ônibus e uma carreta emprestados.

De acordo com Rossi, os bens foram usados em campanhas de assistência social, em Mato Grosso, patrocinadas pelo programa de TV “Cadeia Neles”, que ele apresentava em Cuiabá.

Rossi negou, porém, recebimento de propina em troca de emendas ao Orçamento.

“Estou na Serasa desde 2000. Eu não tenho dinheiro. Essa história de receber R$ 3 milhões não tem lógica”, afirmou.

“Mas ele [Darci] me ajudou muito. Deu muita cadeira de roda, muitos sacolões [cestas básicas], emprestou ônibus, uma carreta. Deu 75 mil salsichas e camisetas”, afirmou.

“Eu comprava um negócio. Ele ia lá e pagava o que eu pedia”, contou ainda o deputado.

Luiz Antônio Vedoin, filho de Darci, diz que todo esquema começou com Rossi em 1999. O deputado apresentou aos Vedoin ao menos 19 congressistas, que entraram no esquema.

“Eu o apresentei ao Congresso, como apresentaria qualquer empresário que precisasse de ação política. Eu faria isso mesmo”, disse Rossi.

A família Vedoin entregou 152 páginas de documentos à Justiça Federal, relacionando comprovantes de pagamento de dívidas de Rossi, depósitos de R$ 197 mil feitos na conta do deputado, e outros benefícios.

“Alguém oferece a ele [o benefício da delação premiada] e ele foi defender a família”, disse Rossi. “Quando passar tudo isso, ele vai restabelecer a verdade.”

Fonte: Folha de São Paulo, Paraná Online e Site do senador Magno Malta

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