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Igreja mais antiga de Fortaleza fecha por falta de segurança

Há seis dias, a igreja mais antiga de Fortaleza – que já serviu de Catedral – está com as portas fechadas. Não foi por ausência de fiéis que isso aconteceu, trata-se de um protesto pela falta de segurança.

A decisão foi tomada pelo próprio padre, Clairton Alexandrino de Oliveira, que reivindica mais policiais no local. A igreja fica na Praça General Tibúcio, no centro da cidade, que pelo movimento gerado pelo comércio, também atrai pedintes e assaltantes.

Uma faixa pregada no alto da construção erguida no século XVIII com o motivo do fechamento serve de aviso e protesto. Além da surpresa, a medida gerou polêmica. O padre diz que só reabrirá as portas e retomará as celebrações quando tiver certeza de que a integridade das pessoas estiver assegurada. Desde domingo, uma dupla de policiais faz ronda próximo à igreja. Mas o padre não voltou atrás.

– É um dever das autoridades constituídas garantir a segurança de seus cidadãos. Pelo menos a de entrar uma igreja e saber que posso me concentrar em Deus e não ficar assustado olhando de um lado para o outro esperando a qualquer momento ser agredido – disse.

Essa foi a medida mais radical adotada por padres diante da insegurança que afeta principalmente as igrejas do Centro, ainda mais no período da noite e nos finais de semana, quando a região fica praticamente deserta. A Igreja do Sagrado Coração de Jesus, também localizada na região central, fechou seis de suas oito portas e foi totalmente gradeada. O padre João Alberto Araújo explica que a medida foi necessária para ordenar o acesso à igreja porque a proximidade com os terminais de ônibus transformou o local em galeria de passagem, aumentando o perigo para quem assistia à missa.

Para acabar com os constantes assaltos nas imediações da Igreja de Santa Edwirges, o padre Manoel de Castro Ferreira contratou um segurança particular ao custo mensal de R$1.100 por 12 horas de proteção. Além disso, pediu pessoalmente ao governador Cid Gomes (PSB) a presença ostensiva de uma unidade do programa de polícia comunitária, o Ronda do Quarteirão. O conjunto de providências deu certo, segundo ele, que coleciona casos de agressões. Numa ocasião, a motorista da noiva teve o celular roubado na porta da igreja.

– É o fim dos tempos. Quando se iria imaginar que seria necessário policiamento para guardar os fiéis – disse o padre.

Fonte: O Globo

Equador investiga líder católico por intromissão política

Um procurador equatoriano iniciou na segunda-feira uma investigação inédita contra um líder da Igreja Católica local devido a sua suposta intromissão política após atacar a nova Constituição proposta pelo governo.

A investigação sobre o presidente da Conferência Episcopal Equatoriana (CEE), arcebispo Antonio Arregui, acontece no momento em que a cúpula eclesiástica mantém uma disputa com o presidente do país, Rafael Correa, por causa de uma parte do projeto de reformas.

Segundo os prelados, alguns fragmentos da nova Constituição atentariam contra os princípios morais dos equatorianos.

Correa tem batido de frente com os líderes de igrejas, que dizem que o governo pode abrir o caminho para o aborto na nação de maioria católica.

Alguns padres já começaram a alertar os frequentadores de suas igrejas nas missas de domingo.

Correa, economista de esquerda e devoto católico, descartou as acusações, dizendo que são mentiras, e acusa os religiosos de terem se aliado às elites poderosas que se opõem à nova Constituição, que será votada em referendo em setembro.

Uma cópia da ordem de investigação foi mostrada por um canal de televisão local.

O procurador exige que Arregui testemunhe voluntariamente sobre as acusações de violar o tratado internacional que proíbe o clero de se intrometer em questões políticas.

Um grupo de esquerda que simpatiza com o governo entrou com as acusações neste mês, pedindo a renúncia de Arregui como chefe da Conferência Episcopal.

Arregui não comentou o assunto.

Uma pesquisa de opinião afirmou que a batalha de Correa com a igreja pode arruinar o apoio à nova Constituição, que aumentaria seus poderes sobre a economia do país, produtor de petróleo, e sobre as instituições políticas equatorianas.

Fonte: G1

Egito proíbe transplante de órgãos entre cristãos e muçulmanos

Uma nova decisão do Sindicato dos Médicos do Egito que proíbe o transplante de órgãos entre cristãos e muçulmanos irritou tanto as igrejas quanto as mesquitas, que temem um aumento da tensão sectária.

“Todos temos o mesmo sangue egípcio. E se a medida tenta proibir o tráfico de órgãos, também discordamos, porque isso também pode acontecer entre fiéis de uma mesma religião”, declarou nesta terça-feira, 19, o bispo Marcos, um dos porta-vozes da igreja ortodoxa copta.

De acordo com as novas instruções do Sindicato dos Médicos – praticamente dominado pelo grupo islâmico Irmandade Muçulmana – não será mais permitido doações de órgãos entre cristãos e muçulmanos. Qualquer médico que viole a norma será interrogado e punido pelo sindicato. “Tudo é para proteger os muçulmanos pobres dos cristãos ricos, que compram seus órgãos”, defendeu o diretor o sindicato, Hamdi El Sayed.

Segundo ele, a proibição tem o objetivo “de impedir qualquer tentativa de enganar os pacientes e lhe roubar os órgãos”, o que poderia levar a uma crise entre os fiéis das duas religiões.

Para Marcos, a decisão do sindicato é “muito grave” porque pode levar a outros passos, como proibir as doações de sangue entre cristãos e muçulmanos ou impedir que um médico examine um paciente de religião diferente. “Temos medo que no futuro haja alguns hospitais para cristãos e outros para muçulmanos”, afirmou o bispo ao explicar a preocupação da igreja, cujos fiéis correspondem a 10% da população egípcia, de mais de 76 milhões da habitantes.

O especialista Abel Moti Bayumi, membro do Centro de Estudos Islâmico de Al Azhar, assegurou que a proibição “instigará a discriminação entre muçulmanos e cristãos que vivem no mesmo pais”. Tanto as igrejas quanto as mesquitas lamentaram que o sindicato adotou a norma sem antes consultá-las. A medida aparece em um momento no qual a convivência entre cristãos e muçulmanos no Egito parece estar cada vez mais fragilizada.

Alguns pacientes que não podem esperar recorreram na justiça. A União Egípcia para os Direitos Humanos (UEDH) decidiu apresentar uma denúncia contra o sindicato, pedindo a anulação da decisão. O diretor da UEDH, o advogado Naguib Gibrael, considerou a medida “discriminatória, que viola os direitos humanos, a Constituição e a unidade nacional”. Ele acusou a Irmandade Muçulmana de estar por trás da nova norma e de “seqüestrar o poder legislativo.”

Fonte: Estadão

Argentina inicia julgamento de padre por pedofilia

Começou nesta terça-feira, 19, o julgamento de um padre argentino acusado por 17 casos de abuso sexual e corrupção de três meninos, em um dos primeiros escândalos sexuais públicos envolvendo a Igreja Católica nesse país.

Os advogados da acusação dizem que Julio Grassi, de 52 anos, abusou sexualmente de três meninos, incluindo dois menores, que freqüentavam sua Fundação Crianças Felizes, para crianças pobres. Os meninos são três das mais de 350 testemunhas que vão testemunhar contra Grassi nos próximos meses, incluindo o arcebispo de Buenos Aires.

A fundação, criada em 1993, fez de Grassi uma figura renomada na Argentina, permitindo que trouxesse milhares de dólares de doações, muitas de pessoas importantes que, desde então, se distanciaram do padre.

Grassi afirmou novamente ser inocente nesta terça-feira, 19, durante o recesso abrupto pedido por seus advogados, que alegaram irregularidades no processo. O padre também tem um site em que declara sua inocência e diz que seu propósito na vida é “salvar crianças da vida nas ruas.”

O caso se tornou público em outubro de 2002 quando uma televisão local fez uma reportagem investigativa detalhando os supostos abusos do padre.

Fonte: Estadão

No Rio, disputa eleitoral ganha ares de guerra religiosa

Nas inserções comerciais que passaram a ser veiculadas a partir desta terça-feira (19), o candidato do PRB à prefeitura do Rio, senador Marcelo Crivella (foto), aparece para avisar: “Não vou misturar política com religião. Vou ser prefeito de todas as crenças, de todas as religiões”.

A orientação da assessoria do senador, que é bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) e sobrinho de seu fundador, Edir Macedo, é a de evitar vinculações religiosas numa campanha marcada pelo posicionamento de outros candidatos, sobretudo, em relação à Igreja Católica, que reúne cerca de 60% da população carioca, segundo o IBGE.

Alessandro Molon, que foi chamado pelo pedetista Paulo Ramos de “coroinha do PT”, e costuma participar de reuniões em paróquias da cidade foi recebido pelo Cardeal Arcebispo do Rio, dom Eusébio Scheid, no dia 8 de agosto. Antes dele, Eduardo Paes (PMDB) já tinha pedido as bênçãos de dom Eusébio e de dom Eugenio Sales, arcebispo emérito, com quem o próprio Crivella já esteve, em julho.
Oficialmente, a Arquidiocese do Rio de Janeiro declara que “não possui candidatos e também não indica candidatos”, mas que vai orientar os fiéis a votarem em candidatos “comprometidos com a vida, desde a concepção até a morte natural, comprometidos com a família, comprometidos com valores religiosos sérios e comprometidos com o bem comum”, numa referência à candidata do PCdoB, Jandira Feghali, que é autora do Projeto de Lei nº 1.135/91, que permite o aborto durante qualquer fase da gestação.

Em 2006, durante sua campanha ao Senado, Feghali obteve do TRE-RJ uma ordem de busca e apreensão que lhe permitiu vasculhar a sede da Mitra Episcopal à procura de folhetos que orientariam os eleitores a não votarem nela. Na época, conseguiu ainda que o TRE intimasse o Cardeal Dom Eusébio Scheid e o bispo auxiliar Dom Dimas Lara Barbosa (hoje secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) a se absterem “de qualquer tipo de comentário ou referência político-ideológica”. Tal ação angariou a antipatia declarada do clero carioca.

“Os políticos defendem todas as idéias e com algumas dessas idéias nós não podemos concordar, por achar que não são boas para a sociedade. Não favorecem a vida, não são boas para ninguém. E em dever de consciência e de fé, nós devemos rejeitar algumas propostas e se alguns políticos só têm essas propostas, a gente rejeita também esses políticos”, respondeu dom Wilson Jönck, bispo-auxiliar do Rio. Procurada pela reportagem, Feghali prefere não comentar a questão.

“Candidatos que vão contra os valores humanos não merecem os votos de nenhum cidadão consciente”, acrescentou a Arquidiocese em nota oficial.

O voto evangélico

Além da Igreja Universal, a Assembléia de Deus decidiu apontar uma candidatura específica. No dia 6 de agosto, o presidente do Conselho Nacional de Pastores das Assembléias de Deus do Brasil, deputado federal Manoel Ferreira (PTB-RJ), declarou apoio ao peemedebista Eduardo Paes.

“Não vamos eleger um pastor para uma igreja, mas um prefeito. E o Eduardo é o mais competente para o cargo. Se eu fosse buscar um pastor, certamente seria ele (Crivella)”, disse Ferreira, numa tentativa de minimizar críticas à divisão do voto evangélico. A Assembléia de Deus reúne mais de 300 mil fiéis em todo o estado.

“O Rio é uma cidade aberta e que não aceita diferenças. Sou católico, tenho a minha fé religiosa, mas receber o apoio de uma liderança como a do pastor Manoel Ferreira é um impulso para a minha candidatura”, avaliou Paes, que descartou a existência de conflitos. “A presença do pastor Manoel Ferreira na campanha é a mensagem de que o Rio não aceita luta religiosa”, acrescentou.

“Quero tirar o Rio dessa situação com a ajuda de católicos, evangélicos, espíritas. Vou falar com todas as lideranças, não só religiosas, mas da sociedade. Falei (com dom Eugenio) das dúvidas que pairam sobre mim por ser evangélico, e ele disse que isso vai ser superado com a graça do Senhor”, declarou Crivella.

Dom Wilson também disse que não há confronto, mas criticou Crivella e a IURD: “Guerra não tem. A religião é livre, cada um adota a sua. Agora, se há guerra é o ataque constante dessa seita à Igreja Católica. Isso, a gente não pode aprovar. E seria muito ruim que alguém que ocupasse um cargo tivesse esse tipo de atitude, de ataque ou de retaliação”, declarou.

De outras eleições

A questão religiosa desponta na política fluminense desde a eleição do ex-governador Anthony Garotinho, em 1998, que calcou sua campanha a partir de rádios evangélicas distribuídas pelo interior do estado. O estado concentra 22% da população evangélica do país e, na cidade do Rio, segundo o IBGE, existem pouco mais de um milhão de evangélicos registrados. A articulação dessas denominações conseguiu formar uma “bancada evangélica” assumida: com 22 dos 70 deputados da Assembléia Legislativa. Não existe na Alerj, nem na Câmara de Vereadores, uma bancada católica.

Fonte:UOL

Padre britânico admite 27 casos de abuso sexual de meninos

Um padre que abusou sexualmente de meninos em um colégio católico em Manchester, no norte da Inglaterra, nas décadas de 70 e 80, admitiu 27 casos de abuso de crianças em um tribunal, nesta terça-feira.

William Green, de 67 anos, admitiu abusar de crianças com idades entre oito e 16 anos.

Green participou de aulas de educação física no Colégio St Bede, em Manchester, quando os casos de abuso ocorreram, e também trabalhou em outras escolas.

Ele deve receber uma sentença em um tribunal de Manchester no dia 30 de setembro.

Vítimas

Green foi acusado de 33 casos de atentado ao pudor contra nove meninos com menos de 16 anos.

Ele admitiu culpa por 27 das acusações relacionadas a sete vítimas.

Um porta-voz da Igreja Católica na Grande Manchester disse: “Nós temos cooperado com as autoridades desde o começo da investigação.”

“É lamentável quando alguma coisa como esta acontece. Nossa prioridade e preocupação é sempre com as vítimas.”

Fonte: BBC Brasil

Livro sobre esposa de Maomé é recolhido na Sérvia

Um romance de uma autora americana sobre a esposa favorita do profeta Maomé, Aisha, foi retirado das prateleiras de livrarias na Sérvia – o único país onde o livro foi publicado depois que seu editor nos Estados Unidos abandonou planos para lançá-lo.

O distribuidor sérvio do romance ordenou o recolhimento do livro, The Jewel of Medina (A Jóia de Medina), que marcaria a estréia literária da jornalista Sherry Jones, depois que um líder muçulmano local, o mufti Moamer Zukorlic, comparou-o às charges dinamarquesas sobre o profeta Maomé que causaram distúrbios em várias partes do mundo em 2006.

Organizações islâmicas locais receberam bem a iniciativa da distribuidora sérvia.

A editora americana, Random House, abandonou o projeto depois que um acadêmico nos Estados Unidos alertou para a possível indignação dos muçulmanos com uma descrição do profeta consumando o seu casamento com Aisha, que se tornou sua noiva ainda menina.

A autora, Sherry Jones, disse que o seu livro tinha o objetivo de homenagear o papel das mulheres de Maomé na formação da fé islâmica.

A Sérvia tem uma comunidade islâmica pequena: pouco mais de 3%.

Fonte: BBC Brasil

Jovem sacerdote carmelita é brutalmente assassinado na Índia

O padre carmelita Thomas Pandippallyil, sacerdote de 38 anos, foi assassinado brutalmente na noite de 16 de agosto, perto do povoado de Balampilly, no estado indiano de Andhra Pradesh, enquanto se dirigia de moto para celebrar a missa dominical, segundo informou a agência missionária AsiaNews.

O arcebispo de Hyderabad, Dom Marampudi Joji, declarou a esta agência a «profunda comoção» que este assassinato provocou na comunidade católica, ainda que afirma que sua morte «não foi em vão».

O prelado, que viajou imediatamente à área onde foi encontrado o corpo mutilado do Pe. Thomas, considera que este assassinato é «conseqüência do crescente clima de intolerância e violência contra os cristãos no país», apesar de que concretamente na área onde aconteceu o crime, «a Igreja só é culpada de trabalhar pelo desenvolvimento das populações mais pobres e abandonadas».

Dom Marampudi pede ao governo indiano que «garanta a segurança da minoria católica. A Constituição nos dá direito de praticar e dar testemunho em qualquer lugar do país. O governo deve enfrentar a questão seriamente e ajudar-nos», acrescentou.

Fonte: Zenit

Autoridades do Texas querem recuperar guarda de 8 crianças de seita

As autoridades do Texas entraram com um pedido hoje para recuperar a guarda de oito dos menores que foram resgatados de uma seita poligâmica desse estado, perante a suspeita de que poderiam estar em contato com adultos que mantiveram sexo com crianças.

Segundo a imprensa local, o Departamento de Proteção Infantil baseia o argumento em que as quatro mães destas crianças se negaram a perder o contato com alguns dos homens envolvidos em casamentos com meninas menores de idade.

“Continuamos estando preocupados com estas oito crianças – com idades compreendidas entre 5 e 17 anos -, portanto solicitamos à juíza que revise o caso”, afirmou a porta-voz dos Serviços de Proteção ao Menor, Marleigh Meisner.

Em 4 de abril, as autoridades entraram à força em um rancho em El Dorado (Texas) da Igreja Fundamentalista de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (FLDS, em inglês), onde, segundo as autoridades, os casamentos com adolescentes eram forçados.

Na operação policial foram resgatados 460 menores, que ficaram sob a tutela do estado, perante o risco que se estivesse havendo abusos sexuais infantis.

No final de maio, a Corte Suprema do Texas decidiu que os menores deveriam voltar a viver com os pais, com o argumento de que o Serviço de Proteção ao Menor tinha ultrapassado suas competências, apesar de nenhuma das crianças ter voltado ao rancho.

Fonte: Último Segundo

ONG questiona ensino religioso obrigatório

A obrigatoriedade da disciplina de ensino religioso nas escolas da rede pública vai ser discutida hoje no seminário Ensino Religioso e Direito à Educação no Brasil, em São Paulo. Para a Organização Não Governamental Ação Educativa, a imposição é um equívoco em um país como o Brasil, um Estado laico. A ONG apresenta no seminário um estudo sobre os problemas dessa contradição.

O estudo faz parte do Projeto Direito Humano à Educação, Ensino Religioso e Estado Laico, realizado em 26 estados, e tem como objetivo a promoção de avanços na formulação e discussão sobre o ensino religioso. Segundo Salomão Ximenes, advogado da ONG, a intenção é discutir como deve ser regulamentada a oferta do ensino religioso. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação, de 1996, os municípios e estados são responsáveis por determinar as normas do ensino religioso nas suas redes de ensino.

Ximenes explica que o ideal seria não haver a obrigatoriedade, que é determinada pela Constituição Federal de 1988, mas que diante da realidade o conteúdo das aulas deveria ser trabalhado sobre a perspectiva supraconfessional, que tem abordagem de natureza científica ao invés de se basear em doutrinas de determinadas religiões. “O Paraná é um estado que está indo nesse sentido, tem a preocupação de trabalhar com conhecimentos científicos. A perspectiva supraconfessional é a que se aproxima mais do princípio da laicidade”, afirma.

A Constituição de 88 também garante ao aluno a opção de freqüentar ou não as aulas. De acordo com o coordenador pedagógico da disciplina de Ensino Religioso do departamento de Educação Básica da Secretaria Estadual de Educação, Eloi Correa, não há reclamações sobre a oferta da disciplina por parte dos pais dos alunos e nem mesmo por parte dos próprios alunos: “Essa não é uma disciplina que seja objeto de aprovação, há a freqüência, mas não há uma avaliação que reprove, os alunos fazem atividades e participam independentemente de notas”. Segundo ele, a escola pública tem o dever de ensinar para que os alunos conheçam e aprendam a respeitar as diferenças. “O fenômeno religioso faz parte da formação básica da pessoa e por isso é dever do Estado oferecer. Não dá para entender as culturas em sua totalidade sem abordar a questão do sagrado e o papel das religiões da formação social, política e econômica de cada cultura”, justifica.

Nas 173 escolas municipais de Curitiba, o ensino religioso é oferecido aos alunos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental e em três delas a disciplina é ensinada até a 8ª série. De acordo com a pedagoga e gerente de currículo da Secretaria Municipal de Educação, Maria José Giongo, são raros os casos em que os pais deixam de matricular seus filhos na disciplina. “Nós deixamos bem claro que não se trata de proselitismo e sim de trabalhar características de todas as religiões”. Ela conta que os professores são permanentemente capacitados com diversos cursos ao longo do ano, para que estejam aptos a lecionar a disciplina.

De acordo com Cesar Kusma, diretor do curso de Teologia da PUC-PR e doutorando em Teologia, o ensino religioso é bem-vindo nas escola quando “fortalece o diálogo e o respeito, abordando o fenômeno religioso que surge no ser humano e na sociedade e a maneira como são concebidas as dimensões do sagrado”, afirma. Para ele, a disciplina é válida se não for confessional, focada em uma única doutrina religiosa, e se contribuir para a formação do cidadão e para o bem da sociedade.

Nas particulares, aulas mudaram

Apesar de não serem obrigadas a ofertar a disciplina aos seus alunos, são muitas as escolas particulares que têm aulas de Ensino Religioso. Segundo Ademar Batista Pereira, diretor do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe-PR), a oferta da disciplina depende da proposta pedagógica de cada uma. “Tem escolas confessionais, que seguem uma religião e tem outras que trabalham valores e alguns aspectos religiosos gerais dentro da filosofia”, conta.

O colégio franciscano Bom Jesus, que é administrado por princípios cristãos, passou por uma reformulação no ensino religioso no ano de 2000. “Antes a matéria era catequese, que agora é ofertada no contraturno aos interessados”, conta a coordenadora de Ensino Religioso, Rita de Cássia Marques Kleinke. “Trabalhamos com a coleção Redescobrindo o Universo Religioso, que foi premiada pela Unesco e é utilizada em diversas escolas de todo o Brasil. Nós buscamos o diálogo inter-religioso e não pretendemos doutrinar ninguém”, afirma. Segundo ela, o colégio, apesar de ser franciscano, tem alunos das mais diferentes religiões. “Todos aprendem a conviver com as diferenças e a respeitar uns aos outros”, conta.

Regras

A deliberação do Conselho Estadual de Educação nº 01/06, de 10 de fevereiro de 2006, determina que os conteúdos do Ensino Religioso devem atender:

A concepção interdisciplinar do conhecimento.

A contextualização, considerando a relação entre informação e realidade.

A convivência solidária, o respeito às diferenças e o compromisso moral e ético.

O reconhecimento de que o fenômeno religioso é um dado da cultura e da identidade de um grupo social, cujo conhecimento deve promover o sentido da tolerância e do convívio respeitoso com o diferente.

O ensino religioso deve ser articulado com os demais aspectos da cidadania.

Fonte: Gazeta do Povo

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