O papa Bento XVI citou as transformações trazidas à Igreja pelo Concílio Vaticano II (1962-1965) para afirmar que a instituição progride e aceita mudanças, mas que é sempre a mesma “na sua fé” e “em sua hierarquia”.

“A cada vez que se defronta um período de declínio, se aproxima também uma utopia espiritualista” que leva alguns a sonharem com o nascimento de “outra Igreja”. Face a isso, é necessário “discernimento, um realismo sóbrio que acompanha a abertura a novos dons doados por Cristo”.

De acordo com o Papa, o que ocorreu no Concílio Vaticano II é algo que se repetiu outras vezes na história da Santa Sé, demonstrando a importância de salvaguardar a unidade e as tradições sem rejeitar eventuais novidades positivas.

Bento XVI disse que já houve grupos que afirmavam que com São Francisco de Assis uma nova fase foi inaugurada na Igreja. Os religiosos, inspirados nas palavras do abade Joaquim de Fiore, falavam que a instituição já tinha “exaurido o próprio papel histórico” e que em seu lugar deveria existir “uma comunidade carismática de homens livres guiados interiormente pelo Espírito”.

Para o Papa, isso sinalizou um risco de “um gravíssimo mal-entendido” na mensagem de São Francisco, “de sua humilde fidelidade ao Evangelho e à Igreja, e tal equívoco comportava uma visão errônea do cristianismo”.

Um equívoco que levou São Boaventura a “expor uma visão certa da teologia da história”: e portanto, uma Igreja que progride, mas que é sempre a mesma “na sua fé” e “em sua hierarquia”.

Bento XVI refutou assim os posicionamentos que dizem que toda a história do catolicismo no segundo milênio “teria sido um declínio permanente”. Na realidade, as obras de Cristo não vão para trás, mas progridem”.

“Sabemos como depois do Concílio Vaticano II alguns estavam convencidos que tudo era novo, que havia uma outra Igreja, que a Igreja pré-conciliar estava acabada e havia uma outra, totalmente outra, uma utopia anárquica”, explicou o Papa.

“Graças a Deus, os timoneiros sábios da barca de Pedro defenderam de uma parte a novidade do Concílio, e ao mesmo tempo, a singularidade e a continuidade da Igreja, que é sempre Igreja de pecadores e lugar de graça”, completou.

Fonte: Ansa

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