Cristãos durante culto em uma igreja no México
Cristãos durante culto em uma igreja no México

O pastor Jaime Canales (nome fictício por razões de segurança) é um mexicano que sabe exatamente como é ser perseguido por causa de sua fé. Em seu país, que ocupa o 38º lugar na Lista Mundial da Perseguição deste ano, a Igreja tem sido cada vez mais ameaçada pelo crime organizado.

No México, os cristãos enfrentam a corrupção e a intolerância secular. Quem segue a Cristo é visto como uma pessoa fanática. Nas comunidades indígenas, quem decide abandonar as crenças religiosas da comunidade enfrenta rejeição e punição na forma de multas, encarceramento ou deslocamento forçado.

Em visita ao Brasil, o pastor deu uma entrevista à Portas Abertas, onde fez alguns alertas aos brasileiros: “A perseguição é bíblica e vai chegar a todo cristão piedoso. Mas até que ela chegue, aproveite a sua liberdade para pregar o amor de Jesus, em tempo e fora de tempo”.

“Aproveite para orar e apoiar o cristão perseguido pelo mundo. Ore por nós, para que sejamos fortalecidos e continuemos a nossa missão de levar o amor de Deus em nossas localidades, comunidades e países”, disse.

Suportando as aflições

O pastor Jaime disse que já foi preso por sua comunidade e que depois teve que fugir com a família para não ser morto: “No início do meu ministério, comecei a pregar e 10 famílias se converteram. Quando a liderança da comunidade percebeu o crescimento do Evangelho, a perseguição começou e as ameaças também”.

“Primeiro foram advertências: Você pode perder suas terras, ser proibido de comprar e vender na comunidade, seus filhos podem ser proibidos de frequentar a nossa escola”, lembrou.

O pastor continuou pregando e foi preso por três dias como punição. “Eles disseram que era para eu colocar a cabeça no lugar e renegar a minha fé em Jesus Cristo e nesse Evangelho que eu pregava”, disse.

“Saindo da prisão, continuei a pregar e ensinar a comunidade sobre o amor de Deus”, disse ao revelar que por isso perdeu o direito de trabalhar naquelas terras e os filhos não puderam mais frequentar a escola.

Jaime foi preso pela segunda vez e 8 das 10 famílias que haviam se convertido voltaram às práticas da antiga religião, negando a Jesus e abandonando a fé cristã. Mesmo assim, o pastor disse que via o poder e a providência de Deus em sua vida e na comunidade.

Coragem para seguir em frente

Diante dessas ameaças e proibições, o pastor perguntou à esposa se ela queria continuar vivendo com tantas restrições. “Eu quero que você continue pregando e vamos continuar falando do amor de Jesus à nossa comunidade”, ela respondeu.

“Ao sair da prisão pela segunda vez, subi ao monte e fiz 40 dias de oração e jejum. Meu corpo saiu enfraquecido, mas meu espírito estava fortalecido no Senhor e continuei pregando, sempre confiando em Deus”, relatou.

“Procurei a justiça institucional para buscar por minha liberdade, uma vez que o México é um país livre para adorar a Deus. Ganhei em todas as instâncias e recebi um documento que me dava o direito de pregar o Evangelho. Mas a minha comunidade não aceitou, alegando que o governo não mandava ali e que o povo que ditava as regras”, resumiu.

Depois disso, o pastor conta que enfrentou a comunidade enfurecida em frente à sua casa, armada de paus, pedras e facões. “Toda a minha família, minha mãe e irmã estavam em casa. A multidão invadiu com violência”, lembrou.

“Agrediram minha irmã e meus filhos assustados gritavam. Eu pensava que poderia fazer algo e defender a mim e à minha família. Mas Deus falou que a vingança era Dele”, contou.

“E eu disse aos agressores: vocês vieram me buscar, estou aqui, deixe a minha família e eu vou com vocês. E me levaram para a prisão, onde fiquei por 5 dias. Um verdadeiro martírio”, compartilhou.

‘É preciso ser forte para não negar a Cristo’

“É muito triste, desolador e desesperador você perder tudo o que tem e sua identidade, sem entender muito bem que a sua identidade real está firmada em Jesus. Muitas comunidades pressionam, perseguem e expulsam os cristãos de suas terras, renegando-os ao descaso, fome, frio e desesperança”, o pastor resumiu a situação dos cristãos no México.

“Foi o que aconteceu comigo”, contou ao reforçar que é preciso ser forte para não negar a Cristo. “Para mim, uma das cenas mais tristes foi ver membros das oito famílias que renegaram a sua fé, segurando cartazes que diziam: fora, cristãos”, recordou.

Depois de expulsos, o pastor e sua família fugiram para outra comunidade onde foram acolhidos. “A igreja nos deu um terreno e nos ajudou a construir nossa casa. Essa comunidade é apoiada pela Portas Abertas, que nos ajudou espiritualmente e financeiramente e pude abrir uma cozinha que vende e doa alimentos à comunidade”, explicou.

Atualmente, o pastor Jaime trabalha como pastor em tempo integral e recebe cristãos que também foram expulsos de sua comunidade, oferecendo apoio psicossocial e espiritual.

Fonte: Guia-me com informações de Portas Abertas

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