A Procuradoria Geral do Estado propôs ação de indenização contra a Igreja Católica, com pedido de 700 salários mínimos (R$ 245 mil), além de tratamento psicológico e psiquiátrico a 13 crianças.

Elas foram abusadas sexualmente pelo padre Alfieri Eduardo Bompani, 61, preso desde 8 de setembro de 2003 e condenado a 93 anos de reclusão pela 2ª Vara Criminal de Sorocaba (100 km de SP).

A ação pode custar à Igreja R$ 3 milhões, mais os custos médicos. Provas foram colhidas na Casa Paroquial e no Sítio de Nazaré, onde os jovens eram internados. Um diário e uma pasta intitulada “Contos Homossexuais” foram achados no computador do padre, segundo o procurador Cláudio Takeshi Tuda, autor da ação.

“Mais de cem menores estão nos registros da casa, possíveis vítimas do padre. Pais levavam seus filhos para receber os sermões dele. Muitos foram abusados nesses momentos”, disse. “É a maior ação contra uma igreja no Brasil. Nada impede que o número de crianças a serem indenizadas aumente. Não conseguimos localizar todas.”

Entre elas, duas tinham cinco e seis anos e uma era deficiente mental. Eram carentes, com histórico de conflito familiar e, na maioria dos casos, foram encaminhadas por tutores.

Processos contra a Igreja são comuns nos EUA. As arquidioceses de Boston -a mais processada no país- e da Califórnia, que pagou US$ 100 mil (R$ 215 mil) a vítimas de pedofilia, foram pressionadas pela opinião pública. Na Irlanda, um coroinha recebeu 300 mil.

“É difícil processar a Igreja. Está alçada num plano acima do bem e do mal, sempre foi desobediente a leis. O alto clero trata casos de pedofilia como domésticos e pune pouco”, disse Takeshi. “O objetivo é enfraquecer a denúncia ou desprestigiar o acusador.”

Não há previsão de quando o resultado sairá. “Quando um padre se casa, a demissão é a primeira medida. Quando comete crime sexual, é a última. A Igreja detesta escândalos.”

Outro lado

A reportagem telefonou ontem para a assessoria de imprensa da Arquidiocese de Sorocaba, região em que trabalhava o padre, mas ninguém foi encontrado.

Na Cúria Metropolitana de São Paulo, o padre responsável pela comunicação chegou a atender o telefone celular, mas, após saber do assunto, a ligação caiu. Na seqüência, os telefonemas caíram na caixa postal.

Fonte: Folha de São Paulo

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