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A aldeia onde Jesus nasceu é hoje um dos lugares mais disputados da Terra

Não foi assim que Maria e José entraram em Belém, mas, hoje, não há outro jeito. É preciso esperar diante do muro, uma intimidante barricada de concreto da altura de três andares guarnecida de arame farpado. Soldados armados com fuzis de assalto examinam os papéis. Revistam o veículo. Por ordem militar, nenhum civil israelense pode entrar.

E poucos residentes em Belém têm permissão para sair – a razão de ser do muro, segundo Israel, é manter os terroristas fora de Jerusalém.

Apenas 9,5 quilômetros separam Belém de Jerusalém, mas, na geografia condensada e intratável da região, é como se estivessem em reinos diferentes. Pode demorar um mês para um cartão-postal ir de uma cidade a outra. Belém fica na Cisjordânia, em terras que Israel tomou em 1967, na Guerra dos Seis Dias. É uma cidade palestina: a maioria de seus 35 mil habitantes é muçulmana. Em 1900, mais de 90% eram cristãos. Hoje, essa parcela caiu para cerca de um terço, e vem minguando à medida que os cristãos partem para a Europa ou para as Américas. No mínimo 12 homens-bomba vieram da cidade e do distrito circundante. Belém, a “aldeia” venerada do Natal, é um dos lugares mais disputados do planeta.

Dada a autorização para entrar, uma porta de aço deslizante, parecida com as de um trem de carga, abre-se com rangido. Os soldados dão passagem, e o motorista atravessa a brecha temporária no muro. E então, rilhando nos trilhos, a porta se fecha com estrondo. Eis Belém.

A cidade fica na escabrosa orla do deserto da Judéia. A vegetação é esparsa, e as casas mais antigas, feitas de pedras de um amarelo desmaiado, ladeiam espremidas as vielas íngremes. Alguns táxis decrépitos circulam, chamando passageiros a buzinadas. Num quiosque, carne de carneiro gira no espeto, pingando gordura. Homens sentados em cadeiras de plástico bebem o forte café árabe em copinhos. Paira um cheiro de lixo não coletado. Subindo o morro, pode-se ver a extensão do muro e avaliar sua contínua expansão: uma serpente verde, segmentada de guaritas cilíndricas, cingindo metodicamente Belém.

Muros adentro, há três campos de refugiados palestinos: blocos de apartamentos exíguos e amontoados a esmo. As ruelas do acampamento são decoradas com centenas de cartazes de mártires – moços de olhar fixo e impassível, alguns empunhando fuzis. Muitos são vítimas das Forças de Defesa de Israel. Outros explodiram a si mesmos em algum shopping, restaurante ou ônibus israelense. O texto em árabe nos cartazes louva a grandiosidade desses atos.

Do outro lado do muro, dominando a crista de morros ao redor, esparramam-se assentamentos judaicos, espetados por guindastes de construção, em férvido crescimento. No fim de tarde, o Sol fulgura nas paredes das casas dessas povoações, e Belém parece cercada de brasas.

No topo da colina central de Belém está a praça da Manjedoura, calçada de paralelepípedos, defronte à igreja da Natividade. Ali a estrutura mais alta e destacada é uma mesquita. Muitas das lojas de suvenir estão de portas e janelas fechadas. São relíquias de tempos mais pacíficos. O turismo é reduzido. Os peregrinos religiosos entram e saem levados por guias – uma rápida parada na praça e uma partida apressada morro abaixo para atravessar o muro e voltar a Jerusalém. Os hotéis vivem às moscas. Poucos visitantes pernoitam. O desemprego em Belém, pela estimativa do prefeito, anda em 50%, e muitas famílias não sabem se irão comer no dia seguinte.

A igreja da Natividade fica quase escondida. Parece uma fortaleza de pedra, com paredes grossas, impenetráveis, e fachada austera. Talvez por isso mesmo tenha sobrevivido por 14 séculos: Belém não é lugar para delicadezas arquitetônicas. Estar plantada na encruzilhada do mundo – a movimentada intersecção de Europa, Ásia e África – significa perpétua hora do rush dos exércitos invasores. A igreja sobreviveu a conquistas de pérsios, bizantinos, muçulmanos, cruzados, mamelucos, otomanos, jordanianos, britânicos e forças israelenses. A porta de entrada foi sendo diminuída com o passar dos séculos, talvez para impedir o acesso a cavalos e camelos dos viajantes, até ser apenas uma abertura minúscula. Para passar ali, é preciso quase dobrar o corpo ao meio.

O interior da igreja, fresco e escuro, é tão severo quanto o exterior. Quatro fileiras de colunas em uma nave aberta conduzem ao altar principal. Em vez de bancos, um amontoado de cadeiras dobráveis baratas. Mas sob o altar, descendo um lance de desgastados degraus de calcário, há uma pequena caverna. Nas áreas rurais de Belém, hoje como há 2 mil anos, as grutas são usadas como estábulo. As manjedouras são esculpidas na rocha. Aqui, bem no centro desse lugar volátil, rodeada de assentamentos judeus, aprisionada em um muro, circundada por campos de refugiados, enfurnada no subsolo de uma igreja antiquíssima, há uma estrela prateada. Nesse lugar, acredita-se, Jesus nasceu.

Algumas pessoas que encontramos em Belém citam a Bíblia, outras recitam o Corão, outras ainda entoam a Torá. Há quem nos mostre sua plantação, quem aponte seus olivais; uns invocam a história, outros visualizam o futuro. Alguns oram ajoelhados, outros com a testa no chão. Há os que atiram pedras, os que dirigem tanques e os que se embrulham em explosivos. Mas em essência, descartando todo o ódio, a política e as guerras que abalaram o planeta, a coisa de que mais se fala, em se tratando de Belém, é terra. Um fiapo de terra. Um pedacinho de chão varrido pelo vento, sedento de água, juncado de rochas.

Em 1967, Israel derrotou as forças militares de Egito, Jordânia, Síria, Iraque e Líbano em seis caóticos dias e ocupou, entre outros territórios, a Cisjordânia, lugar que muitos israelitas chamam pelos nomes bíblicos, Judéia e Samaria. Isso deu início ao movimento de colonização: judeus passaram a estabelecer assentamentos por todo o território. Menachem Froman foi um dos primeiros a ir. Ele acredita, assim como muitos colonos, que o direito dos judeus a Judéia e Samaria está expresso no Antigo Testamento. Eles são os donos.

No distrito de Belém, que inclui a cidade e as povoações vizinhas, há cerca de 180 mil palestinos, dos quais uns 25 mil são cristãos (praticamente todos moram na zona urbana de Belém e em duas cidades-satélite, Beit Jala e Beit Sahur). Inseridos nesse mapa estão 22 assentamentos judaicos, com uma população que já beira 80 mil colonos, e no mínimo mais 12 acampamentos de posseiros, conhecidos como “postos avançados”. Muitos deles não passam de um amontoado de trailers estropiados dispostos em roda.

Basta olhar pela janela de sua casa em Tekoa para Froman ver por que todos anseiam por um pedaço dessa terra. Para os judeus que ainda esperam seu messias, Froman garante ser possível que ele chegue bem ali, nos erodidos confins de Belém, onde é palpável a presença de Deus no vento abrasivo do deserto. Para os cristãos que anseiam pelo retorno de seu messias, por que ele não voltaria ao local em que nasceu? Os muçulmanos não acreditam em nenhum messias – só existe Alá, só Deus -, mas os muçulmanos palestinos também veneram essa terra, pois Jesus é um dos profetas do Islã. Além disso, Belém e a Cisjordânia circundante, bem como a Faixa de Gaza e Jerusalém, são a região onde eles esperam estabelecer uma pátria viável.

As Nações Unidas, a União Européia e a Corte Internacional de Justiça declararam ilegais os assentamentos israelenses: eles violam a Convenção de Genebra, que proíbe aos países ocupantes permitir a seus cidadãos povoar um território ocupado. Mas o governo israelense facilita o crédito para quem procura moradia nos assentamentos da Cisjordânia. Um dos maiores na área de Belém é Har Homa. Seus reluzentes arranha-céus erguem-se tão próximos de Belém – logo do outro lado do muro – que dão a impressão de ser possível estender o braço numa esquina palestina para chamar um táxi em Har Homa. O local agora é um bairro residencial desenvolvido, habitado por 2 mil israelenses. Cerca de metade dos colonos não se considera religiosa, e os anúncios imobiliários de Har Homa salientam as vantagens temporais da cidade: preços módicos, ótima localização, facílimo acesso a Jerusalém!

Belém pode ser o berço do cristianismo, mas, hoje, seus residentes cristãos estão em situação precária. Os israelenses os definem como palestinos. Os muçulmanos os consideram cristãos. Eles próprios se vêem ora como um amortecedor salva-vidas, ora como um saco de pancadas para os outros dois lados. Bernard Sabella, sociólogo cristão e membro do Parlamento palestino, diz que a comunidade cristã talvez seja a única coisa que está impedindo toda a área de implodir numa chacina. A mera presença de cristãos parece reduzir a escala da violência na cidade: os soldados israelenses pisam com cautela perto de lugares sagrados cristãos. A última coisa de que Israel precisa é incorrer na ira da cristandade mundial danificando uma igreja venerada.

Mas, com tudo isso, os cristãos de Belém cada vez mais se sentem forasteiros em sua própria cidade. Muitos seguem a moda ocidental: jeans apertados, decotes ousados, jóias coruscantes. Nos sábados à noite, os adolescentes vão para a balada no Cosmos, uma das únicas discotecas da Cisjordânia, onde rolam doses de tequila e danças mais ou menos apimentadas. Embora alguns muçulmanos adotem estilos modernos de vestir, a maioria das mulheres islâmicas em Belém cobre a cabeça com um lenço; outras usam o jilbob, túnica longa e larga feita para esconder todas as curvas. Para ambos os sexos, beber álcool em público é inadmissível. O convívio social entre cristãos e muçulmanos é raro, e quase inexistem casamentos mistos. Mas cristãos e muçulmanos trabalham lado a lado em repartições públicas, hospitais, escolas e organizações beneficentes.

Nos postos de controle, os cristãos são tratados como todos os outros residentes em Belém: com extrema desconfiança. Nem o prefeito, Victor Batarseh – por lei municipal, o prefeito de Belém tem de ser cristão -, possui permissão para permanecer no lado israelense depois das 7 da noite. “É degradante”, diz Batarseh. “Quando me convidam para coquetéis em Jerusalém, não posso ir por falta de autorização.” Ele tem 73 anos.

Bernard Sabella calcula que, por causa do conflito, mais de 3 mil cristãos fugiram nos últimos sete anos. “Não é só questão de número”, diz, “mas dos tipos de pessoa. Quem está emigrando? Os instruídos, os ricos, os politicamente moderados, as famílias jovens. Os que mais teriam condições de mudar a situação estão indo embora. Quem não tem qualificação nem educação ou é politicamente radical não obtém visto.”

“Não temos como sobreviver aqui”, diz o patriarca de uma família cristã que pediu para ficar anônimo. Ele diz que, em Belém, o governo local é um fantoche do Exército israelense – a polícia e os tribunais têm pouca autoridade, e tal situação afeta todos os residentes, inclusive os muçulmanos. O verdadeiro poder em Belém está nas mãos de famílias numerosas, e os clãs mais poderosos são muçulmanos. Alguns moradores de Belém admitem na surdina: gostariam que os israelenses tomassem a cidade e acabou-se.

“Os cristãos temem que, se falarmos com franqueza e as famílias muçulmanas ouvirem, seremos perseguidos”, diz o patriarca. “Seremos forçados a pagar altas quantias. E obviamente existe a possibilidade de agressão física. Incêndios propositais. Qualquer coisa imaginável.” Sua família vive em um hosh, tradicional grupo de casas construídas em torno de um pátio. Eles habitam em Belém há tanto tempo que são mencionados no Antigo Testamento. Estavam lá antes de Cristo. “Temos até um ramo judaico da família em Jerusalém”, diz. “Nós nos separamos faz uns 2 mil anos, quando parte da família decidiu seguir os ensinamentos de Cristo.”

Agora ele está pensando em partir. Tem uma irmã na Califórnia e quatro irmãos em Honduras. “Nossa família estará totalmente fora da Terra Santa pela primeira vez desde Cristo”, diz. “E vou vender meu hosh aos muçulmanos. Eles considerarão isso uma vitória – mais uma. Como o mundo cristão pode aceitar este fato?”

Há 50 anos havia apenas um punhado de mesquitas no distrito de Belém. Agora existem quase 100. “Minha alma vive em Belém”, diz ele. “Sou como um peixe – esta é minha água. Se me tiram daqui, definho e morro. Mas temo o futuro. Dá para imaginar Belém sem nenhum cristão? Pois vá imaginando, porque em alguns anos isso poderá ser realidade”, diz o patriarca.

Os próprios cristãos não estão imunes a lutas internas. Cada metro quadrado da igreja da Natividade é disputado pelas três seitas que usam conjuntamente o templo: gregos ortodoxos, católicos romanos e armênios ortodoxos. Os homens santos das três vertentes discutem sobre quem tem de limpar que parede sagrada, quem pode andar em qual ala. Os guardas da igreja às vezes parecem estar lá não para proteger os turistas, mas para impedir os padres de se engalfinharem. “Tirando Cristo, poucos aqui ofereceriam a outra face”, diz o frei franciscano Ibrahim Faltas, que serviu na igreja por 12 anos.

Os três lados não conseguem sequer concordar sobre o Natal em Belém. Em que data é celebrado o dia santo na igreja da Natividade? Os padres ortodoxos gregos, cuja parte no controle da igreja é majoritária, baseiam os eventos eclesiásticos no calendário juliano, que tem uma defasagem de 13 dias em relação ao atual calendário gregoriano. Por isso, eles celebram sua missa de Natal em 6 de janeiro.

A missa da véspera de Natal em Belém, transmitida mundialmente em 24 de dezembro, na verdade é celebrada em uma igreja bem mais nova ao lado da Natividade: a igreja de Santa Catarina, que é dos católicos romanos. E, para complicar ainda mais, os armênios celebram o Natal em sua ala da igreja em 18 de janeiro. Com isso, em Belém, o Natal acontece três vezes por ano.

Não importa a versão do cristianismo que se siga – ou mesmo que não se siga religião nenhuma -, parece haver algo significativo na gruta no subsolo da igreja, com seu cheiro de incenso e vela, iluminada por uma fieira de lâmpadas nuas. Visitantes do mundo todo descem os 14 degraus terra adentro. Muitos, involuntariamente, caem de joelhos após a chegada. Oram, cantam, choram e desmaiam no local da natividade. Isso acontece o dia todo, todos os dias.

O ar úmido e bolorento da gruta exala história. Os conflitos que fervilham em Belém têm o potencial de transcender fronteiras – afinal, está em jogo o futuro de milhões de pessoas. Um desastre de grandes proporções poderia engolfar boa parte do globo. “É fácil pensar em Belém como o centro do mundo”, diz o prefeito Batarseh. “Não é possível que justo neste lugar nunca reine a calma. Se for para o mundo ter paz algum dia, ela deve começar bem aqui.”

Leia a matéria completa com 15 páginas. [url=http://nationalgeographic.abril.uol.com.br/ng/edicoes/93/reportagens/mt_260913.shtml#]Clique aqui[/url].

Fonte: National Geographic

Terra Santa espera número recorde de turistas neste Natal

O número de turistas estrangeiros que vão participar das cerimônias religiosas de Natal em Belém, na Cisjordânia, deve ser o maior em sete anos. A estimativa é do Ministério do Turismo israelense.

Nos últimos dias , os hotéis de Belém e também de Jerusalém começaram a receber levas de novos hóspedes, a maioria cristãos de vários países, que costumam percorrer os locais sagrados do cristianismo na Cidade Santa e participar da missa de Natal na Igreja da Natividade, em Belém – cidade colada a Jerusalém, mas situada dentro dos territórios palestinos ocupados por Israel.

O anúncio de um provável número recorde de turistas em relação aos últimos anos causou surpresa. Desde o início da segunda intifada palestina, em 2000, que abriu um período de atentados palestinos em Israel, o número de turistas estrangeiros na Terra Santa caiu drasticamente, prejudicando principalmente o comércio de Belém – que depende do turismo religioso para sobreviver.

O Natal do ano passado indicou uma tendência de recuperação. Os motivos foram a melhoria das condições de segurança em Israel – sem registro de grandes ataques terroristas palestinos, o que estimulou a volta de turistas estrangeiros – e também da tensão política entre palestinos e israelenses.

A disputa interna entre grupos armados palestinos na Faixa de Gaza este ano, porém, esfriou as expectativas dos comerciantes de Belém. Embora longe da Cisjordânia, onde Belém está situada, os choques entre os seguidores do grupo islâmico Hamas e do partido laico Fatah, leal ao presidente Mahmud Abbas, prejudicaram o planejamento das agências de viagens para vender pacotes turísticos na Europa e nos Estados Unidos.

O fato de os choques entre os grupos palestinos terem caído nos últimos meses acabou revertendo as expectativas negativas. Resta saber se o fluxo de turistas vai confirmar a previsão das autoridades israelenses.

Fonte: Estadão

Governo ignora limite para concessões de canais de TV para Edir Macedo

Apesar de limite de duas emissoras, Edir Macedo foi autorizado a ter três em São Paulo. Decreto-lei de 1967 limita concessões a duas TVs por Estado; bispo obteve uma terceira emissora, como pessoa jurídica, em 2005.

Apesar do discurso oficial pela democratização da mídia, o governo Lula derrubou, na prática, o limite de propriedade de concessões de radiodifusão que vigora desde os anos 60. Com anuência do governo, o bispo Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, é acionista de três emissoras de TV no Estado de São Paulo: duas como pessoa física e uma por meio de pessoa jurídica.

O limite estabelecido no decreto-lei 236 (de 1967), que está em vigor, é de duas TVs por Estado. Foi extrapolado em junho de 2005, quando a Rádio e Televisão Record S.A -concessionária da cidade de São Paulo- comprou, de bispos da Iurd, 30% da TV Record de Franca.

Macedo já possuía duas concessões de televisão em São Paulo, como pessoa física. Ele tem 90% da concessionária da capital (os outros 10% estão em nome de sua mulher, Ester Bezerra) e 63% da TV Record de Rio Preto.

O Ministério das Comunicações declarou à Folha que aprovou a transferência das ações da emissora de Franca por entender que o limite se aplica apenas a pessoas físicas.

A interpretação é contestada por especialistas ouvidos pela Folha. Na opinião do ex-ministro das Comunicações Juarez Quadros do Nascimento e de três advogados consultados, a transferência foi ilegal.

Para o consultor jurídico da TV Cultura de São Paulo, Fernando Fortes, a TV Record de Franca estaria passível de perder a concessão.

A avaliação dele é de que, se prevalecer a interpretação do ministério, o limite de propriedade de radiodifusão cai por terra.

As empresas do setor, tradicionalmente, burlam o limite, registrando as concessões em nome de diferentes membros da famílias, mas a artimanha é considerada legal, porque, individualmente, os acionistas ficam dentro do limite.

Pessoa jurídica

O caso de Macedo pode abrir caminho para que um mesmo acionista controle número ilimitado de emissoras, por intermédio de pessoas jurídicas.

Até 2002, pessoas jurídicas não podiam ser acionistas de concessionárias de rádio e televisão. Apenas pessoas físicas -brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos- eram admitidas.

Há cinco anos, o artigo 222 da Constituição foi alterado para permitir a participação estrangeira de até 30% nas empresas de mídia.

A emenda -regulamentada pela lei 10.610, em dezembro de 2002- também permitiu a participação de pessoas físicas em até 100% do capital de emissoras de radiodifusão.

Ações das emissoras da Rede Record foram transferidas para a Rádio e Televisão Record S.A, de propriedade de Edir Macedo e da mulher.

O presidente Lula autorizou a transferência indireta do controle da TV Record de Franca em junho de 2005, pelo despacho nº 52.

O ex-ministro das Comunicações Juarez Quadros do Nascimento, que estava no cargo quando a lei 10.610 foi aprovada, diz que o limite de propriedade tem de incluir as participações de pessoas físicas e jurídicas. Para ele, o limite de propriedade de concessões é importante para evitar o monopólio de grandes grupos.

Fortes diz que, por maior que seja a cadeia societária, é preciso identificar a pessoa física existente por trás da pessoa jurídica para o limite de concessões. “”Não existe respaldo legal para excluir as pessoas jurídicas desse cálculo. Elas não podem ser usadas como subterfúgio”, afirmou.

Para ele, as ações preferenciais (sem direito) também contam no cálculo. A participação indireta de Edir Macedo na TV Record de Franca é com ações preferenciais.

“”O texto é claro: não poderão ter concessão entidades das quais faça parte acionista ou cotista que integre o capital de outras empresas executantes do serviço de radiodifusão além dos limites fixados”, declarou.

Ministério diz que lei trata só de pessoa física

O Ministério das Comunicações afirmou que o Código Brasileiro de Telecomunicações de 1962 e o decreto-lei 236 de 1967 só disciplinam as participações acionárias diretas de pessoas físicas em empresas de radiodifusão e que as participações indiretas, por meio de pessoas jurídicas, não são disciplinadas em lei.

Com isso, o ministério entende que os limites de propriedade de televisão -no máximo duas emissoras por acionista, no mesmo Estado, e máximo de dez em todo o país- não se aplicam às ações adquiridas por empresas, como no caso da compra de 30% da TV Record de Franca, no interior do Estado, pela Rádio e Televisão Record S.A, do bispo Edir Macedo.

A informação oficial é que a transferência das ações da TV Record de Franca foi analisada pela Secretaria de Serviços de Comunicação Eletrônica e pela consultoria jurídica do Ministério das Comunicações e, ainda, pela chefia de Assuntos Jurídicos da Casa Civil da Presidência da República, com assessoramento da Advocacia Geral da União.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo o ministério, autorizou a transferência em 20 de junho de 2005, pelo despacho 52, publicado no Diário Oficial da União.

Para o Ministério das Comunicações, não há risco de a concessão da TV Record de Franca ser cassada, uma vez que ele entende que não foram infringidos os limites de propriedade de emissoras estabelecidos pelo decreto-lei 236.

Universal e Record

Procurada pela Folha, a Igreja Universal do Reino de Deus não quis se manifestar sobre o assunto das concessões de TV e recomendou ao jornal que procurasse o Ministério das Comunicações. A Rede Record foi informada do teor da reportagem, mas também optou por não dar entrevista.

Fonte: Folha de São Paulo

DF: aids cresce mais em jovens, idosos e homossexuais

No Distrito federal, o avanço da aids e de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) é cada vez maior entre os jovens com idade entre 15 e 24 anos, idosos e homossexuais.

Um estudo divulgado pela secretaria estadual de Saúde revela que, dentre os motivos de transmissão do vírus HIV, está o descuido nas relações sexuais. Ou seja, a falta de uso de preservativo. Praticamente um em cada três casos de aids notificados à secretaria ocorre por meio da transmissão sexual.

“A gente observa que a informação pura e simples não leva a mudanças de comportamento. Ainda existe aquele pensamento mágico: ”é só uma vez transar sem camisinha, não vai acontecer comigo”, disse a gerente de DST-AIDS da secretaria, Diva Castelo Branco. “Por isso, precisamos investir mais em campanhas. Não só de massa, mas trabalhar em grupos específicos, empresas e escolas. Precisamos aumentar o número de multiplicadores de educação e saúde.

Segundo ela, são registrados por ano 400 casos de aids e cerca de 5 mil casos de doenças sexualmente transmissíveis. Ela lembra que as DSTs aumentam em 18 vezes o risco de se adquirir o vírus da Aids.

As regiões da Asa Norte, do Lago Norte e do Cruzeiro são as que registram mais ocorrências de aids entre os homens.

Fonte: Agência Brasil

Família procura idoso levado por supostos evangélicos

Denso mistério envolve o desaparecimento de um ancião que foi levado por um casal de sua casa e nunca mais foi visto. A família, apreensiva, já comunicou o fato às autoridades e está apelando à população que colabore na sua localização.

A vítima, Sebastião Sousa, 66, tem problemas mentais e no dia 8 do mês em curso, recebeu a visita de uma casal que chegou à sua casa na rua Militar, 30, no Cruzeiro do Anil, onde reside na companhia de uma irmão Francisco Xavier, que também tem problemas mentais.

O casal , dizendo pertencer a uma igreja evangélica, mandou Sebastião arrumar suas coisas pois o iriam levar para um sítio no Maiobão, afirmando que ele voltaria no dia 16 de dezembro, o que, no entanto, até ontem não havia acontecido.

A sobrinha do ancião, Eliane Carvalho Riganti, já esteve na polícia comunicado o fato assim como já desenvolveu buscas em toda região do Maiobão, mas não encontrou nenhum sítio onde Sebastião Sousa pudesse estar. Ela disse que a preocupação da família é grande, tendo em vista que as pessoas que levaram o seu tio, não são conhecidas dos seus parentes, e que ocupavam um automóvel Celta preto, 4 portas, de placa não identificada.

Eliane Riganti não sabe a que atribuir este tipo de seqüestro do seu tio, e apela à população, para que alguém que tenha qualquer informação sobre o paradeiro de Sebastião Sousa, a gentileza de comunicar à autoridade policial mais próxima.

Fonte: O Imparcial – São Luis

Novo cardeal do Iraque pede libertação de aliado de Saddam

O líder espiritual dos católicos do Iraque, promovido a cardeal no mês passado, pediu aos Estados Unidos a libertação de Tariq Aziz, membro do governo de Saddam Hussein, se não houver provas contra ele.

Aziz é um cristão caldeu, o maior grupo cristão do Iraque, e a sua presença no alto escalão de Saddam foi sempre exibida pelo governo como uma prova da tolerância religiosa do ex-líder iraquiano.

Numa entrevista à Reuters, às vésperas do Natal, Emmanuel 3o Delly, o cardeal de Bagdá, patriarca dos caldeus, também cobrou liberdade religiosa no Iraque muçulmano. Muitos cristãos têm sido sequestrados no país, mortos ou obrigados a fugir.

“Não temos nenhuma liberdade religiosa no Iraque, mas esperamos que venhamos a ter um dia, porque o Senhor nos criou livres, e todos devem ter liberdade de religião”, afirmou o cardeal.

Aziz está sob custódia norte-americana e, segundo relatos, está mal de saúde, com diabete. Ele é mantido preso sem acusação formal, e a sua família tem insistido pela sua libertação.

“Em relação a Tariq Aziz, que trabalhou por tanto tempo para o Iraque e, tenho certeza, ainda quer coisas boas para o Iraque, nós temos que exigir a libertação de todos os presos contra os quais não há evidências, o quanto antes”, afirmou Delly.

O cardeal, um crítico da invasão norte-americana de 2003, declarou haver tentado visitar Aziz, mas que o seu pedido foi recusado.

Os promotores iraquianos afirmam que Aziz pode ser acusado pela repressão contra os xiitas depois da Guerra do Golfo, quando dezenas de milhares morreram.

Em 25 de novembro, na cerimônia no Vaticano em que Delly, 80 anos, virou cardeal, o papa Bento 16 disse que a promoção visava mostrar solidariedade aos cristãos no Iraque. Antes, o papa havia expressado preocupação com o recente êxodo de cristãos do Iraque.

Os cristãos compõem cerca de 3 por cento da população de 27 milhões do Iraque, segundo o Departamento de Estado norte-americano.

Fonte: Reuters

Israel e palestinos voltam a negociar a paz após feriado muçulmano

Israel e a ANP (Autoridade Nacional Palestina) voltam nesta segunda-feira (24) à mesa de negociações após ser interrompida por conta da festa muçulmana de Eid al Adha [festa do sacrifício], informou neste domingo um porta-voz oficial palestino.

Nabil Amre, assessor do presidente da ANP, Mahmoud Abbas, comunicou que as negociações começarão no meio da “negra atmosfera” criada por Israel, em alusão a vários projetos de construção nos assentamentos judaicos divulgados neste domingo.

Segundo o porta-voz, a continuação destas atividades “prejudicam o processo de paz”, reativado, após sete anos, na conferência de Annapolis do dia 27 de novembro.

“Israel não pode combinar a paz com a colonização”, disse o assessor palestino. Ele pede que os Estados Unidos “pressionem Israel para que detenha a expansão de assentamentos”.

O jornal “Ha’aretz” informou neste domingo que Israel planeja construir outras 500 casas na colônia de Har Homa, nos arredores de Jerusalém, e 240 no de Ma’aleh Adumim, o maior dos assentamentos.

A última reunião realizada pelas partes, no último dia 12, terminou sem avanços. Ambas as delegações se acusam de sabotar o processo de paz.

A ANP disse que Israel viola permanentemente seu compromisso de não construir nas colônias, enquanto que a delegação israelense levantou o problema dos ataques com foguetes a partir da Faixa de Gaza e a participação de um agente da ordem da Cisjordânia no assassinato de um colono, semanas antes.

Fonte: Folha Online

Mensagens natalinas destacam centralidade do Menino da manjedoura

Em mensagem motivada pelo Natal, o presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), pastor Walter Altmann, propôs que no dia em que se comemora o nascimento de Cristo as festividades não contemplem somente a entrega de presentes, mas também a reflexão sobre o sentido desta data especial.

“Proponho que neste Natal tomemos algum tempo, antes de distribuir os presentes, na roda de família, em torno da árvore ou do presépio, para conversar sobre o sentido do Natal e fazer uma oração”, sublinhou Altmann.

A mensagem do pastor presidente lembra que mesmo tendo nascido despojado, relegado a uma estrebaria, Jesus “era, e ainda é, o centro do mundo”, proclamando o amor de Deus ao próximo e orientando toda a humanidade na busca pelo perdão, a reconciliação, a paz e a justiça. “Ainda que morto na cruz, aquele Menino vive, pois Jesus ressuscitou”, disse.

Ao recordar viagem que realizou a Belém, o secretário-geral do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), Samuel Kobia, disse que diante do muro que separa a Palestina de Israel, “olhando para os céus abertos sobre um mundo dividido”, ele refletiu a respeito da magnitude do canto dos anjos neste período de Natal: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade”.

Kobia destacou, na mensagem natalina, a importância da Convocação Ecumênica Internacional pela Paz, organizada pelo CMI e agendada para 2011 sob o lema “Glória a Deus e Paz na Terra”. “Cremos que, como no canto dos anjos, estes dois sentimentos representam a harmonia espiritual”, assinalou.

O secretário-geral do CMI manifestou que o serviço de Cristo compromete a todos na busca por uma espiritualidade de resistência, enfrentando a espiral de violência que ameaça o planeta. Na perspectiva de Kobia, a revelação da glória de Deus guia as ações dos homens na busca pelo estabelecimento de “comunidades de plenitude, justiça e paz”.

Para a bispa presidente da Igreja Episcopal dos Estados Unidos (Ecusa), Katharine Jefferts Schori, um dos principais méritos das celebrações natalinas está focado na ênfase às crianças e aos mais necessitados.

Na mensagem intitulada “olhos para ver e descobrir”, Schori enalteceu a importância da sociedade mirar a situação dos mais pobres, indefesos e marginalizados. “O grande marco da reflexão bíblica e teológica está relacionado com a descoberta de que Deus se preocupa com todos aqueles que não têm quem os ajude”, destacou.

Como desafio para 2008, a bispa convocou a todos aqueles que, na época do Natal, expressam olhares fraternos em relação ao próximo, a fazer com que esta “visão” natalina transforme a forma como tratam os irmãos também durante o resto do ano e em todos os anos vindouros.

Fonte: ALC

Catolicismo já é a religião “mais popular” na Grã-Bretanha

Uma pesquisa divulgada neste domingo revelou que mais católicos que anglicanos freqüentam as igrejas da Grã-Bretanha. Os resultados da pesquisa vieram a público depois da notícia de que o ex-primeiro-ministro Tony Blair abandonou o anglicanismo e converteu-se ao catolicismo.

A Inglaterra separou-se oficialmente de Roma durante o reinado de Henrique 8o, mais de 400 anos atrás. Com isso, a Igreja Anglicana tornou-se dominante no país.

Mas uma pesquisa conduzida pelo grupo Pesquisas Cristãs e divulgada no jornal Sunday Telegraph mostrou que, em 2006, cerca de 860 mil católicos foram à missa semanalmente no país, superando os 850 mil anglicanos que foram à igreja.

Os resultados da pesquisa vieram a público depois da notícia de que o ex-primeiro-ministro Tony Blair, que foi educado como anglicano, converteu-se ao catolicismo, seguindo o exemplo de sua mulher e seus quatro filhos, que são católicos devotos.

A frequência de fiéis nas cerimônias religiosas anglicanas caiu pela metade nos últimos 40 anos, à medida que a Grã-Bretanha foi se tornando mais e mais secular. Apenas seis por cento da população frequenta a igreja regularmente. Nos Estados Unidos, a cifra equivalente é de quase 40 por cento da população.

Embora os números relativos à frequência de igrejas estejam caindo tanto entre católicos quanto anglicanos, os de católicos estão diminuindo menos graças à chegada de novos migrantes do leste da Europa e partes da África, reforçando as congregações católicas.

Lideranças católicas se alegraram com os números e com a conversão de Blair, enxergando um ressurgimento da popularidade católica num país que, no passado, rejeitou essa religião.

“Quando um ex-primeiro-ministro se converte ao catolicismo, isso deve ser sinal de que o catolicismo realmente saiu do frio neste país”, escreveu no Sunday Telegraph Catherine Pepinster, editora do semanário católico The Tablet.

Blair, que hoje é enviado de paz no Oriente Médio, não é o primeiro britânico de destaque a converter-se à fé católica.

Alguns políticos -incluindo alguns que também se converteram- não questionaram a sinceridade da conversão de Blair, numa cerimônia reservada na sexta-feira, mas se perguntaram o que ela revela sobre posições que o ex-primeiro-ministro assumiu enquanto chefiou o governo.

Mas as reações à conversão de Blair foram em sua maioria moderadas.

O reverendo Richard Harries, ex-bispo de Oxford, escreveu no jornal The Observer: “No século 19, quando alguém se convertia à ‘religião do papa’, isso era motivo de grande escândalo. Mas uma mudança fundamental vem ocorrendo nas últimas décadas. Como disse Jesus: ‘Na casa de meu pai existem muitas moradas’.”

Fonte: O Globo

Bispo Luiz Flávio Cappio critica presidente Lula

O bispo de Barra, na Bahia, Dom Luiz Flávio Cappio, criticou o presidente Lula e afirmou que a alta popularidade do petista só ocorre porque “o povo pobre e miserável do Brasil corre atrás de um presidente que dá esmola”.

Ele ressaltou que “Lula morreu, estamos no governo Inácio da Silva”. O bispo encerrou sua greve de fome na última quinta-feira após 23 dias de jejum em protesto contra a transposição do rio São Francisco.

O jejum foi encerrado depois que Dom Cappio desmaiou e foi internado no hospital Memorial Petrolina (PE). Ele ainda fez críticas ao ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima.

“Se o presidente quiser ouvir um alerta, acho que ele deve ter mais cuidado na escolha dos seus ministros. É preciso colocar no ministério uma pessoa idônea, capaz e pelo menos educada, e não um incapaz, um incompetente”, afirmou.

Fonte: Jovem Pan

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