Com dois países presentes na Lista Mundial da Perseguição 2019 – México, em 39º lugar, e Colômbia, em 47º lugar, a América Latina vê constantemente a perseguição a cristãos crescer em seu território.
Não é comum notícias de perseguição a cristãos e líderes de igrejas cristãs em países como Cuba, Venezuela, Bolívia em que os direitos de liberdade religiosa são constantemente tolhidos.
A Portas Abertas está presente em muitos desses países e apoia cristãos perseguidos, ajudando-os, principalmente, a permanecer firmes em sua fé em Cristo, apesar da perseguição e hostilidade enfrentadas todos os dias.
Líderes religiosos são alvo de gangues na Guatemala e no México
Na Guatemala, um pastor em Morales foi assassinado por dois homens que bateram à sua porta. No México, um pastor em Córdoba, no estado de Veracruz, foi sequestrado de seu carro por um grupo armado.
No último dia 22 de junho, o pastor da Igreja Pentecostal Unida em Morales, na Guatemala foi assassinado por dois homens que bateram à sua porta e pediram a ele que saísse. Ao sair, foi alvejado de tiros. Ele morreu na hora e os homens, ainda não identificados, permanecem livres.
Dias antes, em 18 de junho, o pastor de uma igreja evangélica em Córdoba, estado de Veracruz, foi sequestrado de seu carro por um grupo armado. A liderança da igreja, que não envolveu a polícia para manter a segurança do pastor, relatou alguns dias depois que o pastor havia sido libertado e deixado a área, abandonando seu ministério e a igreja que ajudou a formar.
A Guatemala está atualmente no meio das eleições e espera-se que um novo governo combata os altos níveis de corrupção, pobreza e, em particular, violência causada por grupos criminosos organizados.
Mas, expectativas semelhantes foram geradas quando Manuel Andrés López Obrador tomou posse como presidente do México em dezembro de 2018. No entanto, em apenas algumas semanas os níveis de violência voltaram a subir para níveis recordes.
Para Rossana Ramirez, analista de perseguição da Portas Abertas, as estratégias de segurança do Estado estão falhando tanto na Guatemala, como no México, no sentido de reconhecer e responder efetivamente à insegurança que afeta os cristãos. “No caso do pastor raptado, a intenção de não envolver as forças de segurança para não piorar a situação da vítima é um sinal não apenas de ineficácia do Estado, mas também do medo de represálias das autoridades locais. Os cristãos estão sendo forçados a lidar com tais incidentes de violência por conta própria”, explica. Segundo ela, os cristãos das regiões mais afetadas pela perseguição nos dois países têm que realizar suas atividades cristãs – encontros, cultos domésticos ou mesmo em templos – sem saber se serão atacados a qualquer momento. “Esses cristãos estão se expondo ao risco de lidar diretamente com grupos criminosos locais”, conta.
Crianças cristãs são proibidas em escola mexicana
Por não concordarem em pagar taxas para festividades religiosas, famílias são proibidas de matricular seus filhos em escola local
Um grupo de famílias cristãs em Huejutla, no estado mexicano de Hidalgo, está exigindo mais uma vez o acesso à educação para seus filhos. Um ano atrás, eles foram impedidos de entrar na escola local.
Em agosto de 2018, as crianças – 33 no total – todas em idade escolar e pertencentes a 25 famílias cristãs, não foram autorizadas a entrar na escola porque suas famílias não pagaram as taxas para as autoridades locais pelas festividades católicas em sua comunidade.
Na época, a Portas Abertas no México facilitou o diálogo entre as famílias cristãs e os líderes locais, mas nenhum acordo foi alcançado. O vice-secretário do governo na região de Huasteca se ofereceu para pagar as multas impostas ao grupo de famílias, mas a oferta foi recusada pelos cristãos porque alegavam que os líderes indígenas locais não podiam forçá-los a participar de rituais católicos que eles não concordam.
Quase um ano se passou e agora o líder desse grupo de cristãos está pedindo à Portas Abertas no México que intervenha para tentar mais uma vez chegar a um acordo com as autoridades do Estado. Eles estão pedindo que seus filhos sejam transferidos para outra escola, pois os líderes indígenas descartaram qualquer possibilidade de tê-los de volta na escola local. Durante o ano passado, as crianças não participaram uma educação formal. Um grupo de jovens voluntários cristãos os ensina em suas próprias casas de maneira informal.
Cristãos indígenas colombianos enfrentam violência e perseguição
Mais de 100 famílias do grupo étnico Wounnan já foram obrigados a abandonar suas casas por serem cristãos
Cinco famílias étnicas cristãs de Wounaan tiveram que fugir depois que grupos militantes entraram em confronto perto de sua comunidade no mês passado. Mas facções rebeldes guerreiras não são apenas o único desafio que esses cristãos enfrentam. As famílias fazem parte de um grupo maior de 112 famílias Wounaan, com cerca de 500 pessoas, que foram obrigadas a abandonar suas casas, plantações e propriedades no dia 2 de junho, quando grupos guerrilheiros rivais começaram a lutar em sua área.
As famílias procuraram segurança na selva do outro lado do rio San Juan. Apesar do Acordo de Paz de 2016 entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), a violência continua. Grupos dissidentes e outros grupos guerrilheiros, como o Exército de Libertação Nacional, ou ELN, estão lutando pelo controle de várias regiões. Devido ao conflito entre grupos armados, mais de 11.000 colombianos foram deslocados à força desde o início deste ano.”Sentimo-nos um pouco mais seguros, mas apenas dentro de nossas casas e comunidades, e não fora deles”, afirma um representante dos Wounaan. Segundo ele, os paramilitares e guerrilheiros do ELN ainda estão presentes e atuantes no território deles.
Mas para as cinco famílias cristãs deslocadas de Wounaan, a situação é ainda mais precária. Sua fé os torna vulneráveis à discriminação e ao assédio dentro de sua tribo, pelas autoridades e pela população. Desde o seu deslocamento, eles não conseguiram obter reconhecimento pelas autoridades tribais. Se o governo nacional não tivesse oferecido abrigo, eles estariam abandonados e em alta vulnerabilidade, disseram os pesquisadores da Portas Abertas no país.
Forte oposição
O antagonismo étnico é um dos principais motores de perseguição para os cristãos indígenas da Colômbia. Líderes indígenas percebem os cristãos entre seus povos como uma “ameaça” à sua cultura e tradições religiosas.
Endossados pelas autoridades locais, eles excluem os cristãos dos serviços sociais básicos, assediam ou atacam famílias cristãs. Em julho do ano passado, as autoridades indígenas expulsaram os pastores da comunidade Emberá Katíoc, em Córdoba, no nordeste da Colômbia, porque eles não queriam que continuassem trabalhando lá.
Cerca de 3,4% da população colombiana se considera indígena, segundo o censo geral de 2005. Cerca de 0,7% se identificam como Wounaan. Os missionários que chegaram ao Wounaam na década de 1970 foram inicialmente bem recebidos. Na década de 1990, no entanto, as autoridades indígenas se opuseram fortemente à expansão do cristianismo, proibindo a presença dos missionários e expulsando os cristãos. Vários pastores de Wounaan suportaram tentativas de assassinato, expulsões e total exclusão das comunidades. Em dezembro de 2018, um líder cristão recebeu ameaças de morte. Em janeiro, os cristãos da comunidade Wounaan foram expulsos de seus empregos e ameaçados de morte, disseram fontes locais à Portas Abertas.
Para ajudar os cristãos indígenas da Colômbia, a Portas Abertas vem realizando pesquisas, trabalho pastoral e atendimento a traumas.
Fonte: Portas Abertas